sexta-feira, 6 de julho de 2012

NA MORAL DE PEDRO BIAL

Por Rafael Lins

Foto: João Cotta/TV Globo















Ontem estreou o novo “programa do Bial” como anunciado nas chamadas da Globo. O formato é bastante interessante mas o conteúdo peca pela falta de profundidade ao abordar tais assuntos polêmicos. Na primeira edição, curta, de no máximo 30 minutos, se discutiram racismo, assédio moral, e o politicamente incorreto com direito a coro da plateia e do próprio Pedro Bial para as cantigas infantis “Atirei o Pau no Gato” e “Boi da Cara Preta” transformadas em “Não Atire o Pau no Gato, por que isso não se faz...” e “Boi do Piauí”. Mas nos perguntamos o que o próprio apresentador do BBB questionava: “mas o que tem o Piauí com isso?”.  E nós, telespectadores noturnos, o que nos interessa de fato num programa deste gênero?

Como convidados deste primeiro programa, a ex-Casseta e Planeta Maria Paula, o filósofo Luiz Felipe Pondé, o autor do livro “Politicamente Correto & Direitos”, Antônio Carlos Queiroz e o cantor Alexandre Pires, atacando de DJ e relembrando o caso em que fora acusado de racismo no clipe, de gosto duvidoso diga-se de passagem, de sua música “Kong” em que homens fantasiados de macacos dançam ao lado de mulheres de biquíni.

Ainda é cedo para fazer uma crítica mais segura, mas o pouco já visto pode-se lamentar a falta de tempo dedicada aos hábeis discursos de Pondé, o contrário do que acontece no bem-sucedido Café Filosófico, exibido na TV Cultura todos os domingos às 22 horas. Ou dos outros participantes resumidos por breves falas entremeadas com depoimentos e dramatizações dos temas abordados, uma delas com a atuação da atriz Adriana Lessa, marcando sua volta à emissora do Projac. O apresentador, que já cobriu a Queda do Muro de Berlim e as guerras do Golfo e da Bósnia com eficiência, no programa de estreia se aproximou mais de um animado professor de cursinho pré-vestibular no primeiro dia de aula do que um mediador de debates produtivos e descontraídos.

Aliás, descontração mesmo ficava a cargo da plateia, diferentemente do que ocorre com os espectadores no matutino Encontro com Fátima Bernardes, em que a própria se mostra segura e mais solta de quando estava na bancada do Jornal Nacional há um ano, mas lá os assuntos não são tão polêmicos como promete Bial e nem tão interessantes para serem despejados no horário  tradicionalmente reservado para as donas de casa que estão às voltas com o preparo do almoço ou de crianças que estudam no período vespertino.

O que se pode avaliar sobre o programa até o momento é que falta em Pedro Bial aquele jogo de cintura e naturalidade como observamos em Serginho Groisman ou Jairo Bauer ao lidar com plateias jovens e com assuntos diversos e bem mais polêmicos. Por enquanto, ficam as exposições poéticas do apresentador e sua experiência no comando de um reality show de puro entretenimento, apenas, que agora se lança em uma atração repleta de miscelânea de temas onde não se chega a conclusão nenhuma e nem a uma solução aparente. Mas como tudo está no início, ainda se pode consertar. A começar pela duração, que de meia hora poderia se alongar a no máximo  60 minutos. Dessa forma todos têm a “moral” de debater e expor seus pontos de vista, sem atropelos.


Programa: Na Moral
Quando: toda quinta, às 23h50
Onde: Rede Globo


Link do programa

http://tvg.globo.com/programas/na-moral/index.html



Chamada de estreia de Na Moral




Créditos do video no Youtube: